Em Campo Grande São-paulino, ficou 4 anos pintando casa com as cores do time

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Na Vila Carlota é impossível não reparar na casa mais colorida da Rua do Cruzeiro. Paredes, janelas, portas, calçada, meio-fio e troncos de árvore trazem as três cores do São Paulo Futebol Clube. Nos últimos quatro anos, Anderson Caetano Oliveira, de 40 anos, se dedicou a pintar à mão o amor que sente pelo time que cresceu vendo jogar.

Antes de contar a história do são-paulino é preciso dizer que não foi tarefa fácil o encontrar em casa. A saga começou em julho do ano passado com idas à residência no período da manhã, tarde e também no final do dia. A cada visita deixava um bilhete no portão e os vizinhos alertavam que o morador era simpático, porém tímido.

Na última semana passei mais uma vez no endereço e, por volta das 19h, encontrei o pintor na calçada usando uniforme azul e boné com o símbolo do time paulista. Parado em frente à casa, o são-paulino admirava o que é a obra de arte de uma vida.

Anderson dá um sorriso e pouco depois sai andando pela calçada para mostrar a última invenção. “Agora mesmo tô fazendo uma estrela aqui, mas ali dentro tem mais coisaâ€, declara. Indicando o caminho, o morador abre o portão lateral onde está pendurada a placa com os dizeres: ‘Aqui mora um são-paulino feliz’.

O corredor, que dá acesso ao fundo da casa, é colorido e decorado com os nomes dos jogadores que fizeram ‘alguma coisa pelo São Paulo’. Ali estão nomes como Cicinho, Fabão, Kaká, Leonardo, Souza, Grafiti, Amoroso, Ney Bala, Souza, Luisão, Oscar e vários outros. “Os mais fodas estão ali na frenteâ€, destaca.

Mais adiante, em outra parede, Anderson pintou o hino do time e escreveu nomes de pessoas da família. Ao chegar no quintal e abrir a porta do quarto onde vive, Anderson relata que começou a torcer pelo time aos sete anos incentivado por um amigo do pai. “Esse time aqui já me deu muitas alegrias e ainda vai darâ€, afirma.

Apesar de residir no local há 30 anos, Anderson resolveu pintar a casa nos quatro últimos anos. “Tudo começou com a plaquinha e os caras foram me incentivando. Alguns amigos foram enchendo o saco, falando: ‘Esse time não ganha nada e você aí pintando†conta.

Entre incentivos e brincadeiras que garante estar acostumado a ouvir, Anderson seguiu fazendo tudo com a mesma dedicação que coloca no serviço de pintor. O são paulino comenta que o esforço é notado por quem passa na rua. “Toda hora para gente ali, passa, fala: ‘É muita coisa pra um cara sozinho, é detalhe, tudo retinho, nada torto, é muita coisaâ€, relata.

Além de ter investido R$ 5 mil, o pintor dedicou tempo, paciência e amor à casa que parece ser o centro da torcida organizada do tricolor paulista. No quarto, que também serve de cozinha, utensílios tem o símbolo do time e armários são revestidos pelas cores preto, vermelho e branco.

Da gaveta, Anderson tira uma das cinco camisetas que tem do time. A escolhida é apresentada como ‘xodó’ e o torcedor explica o motivo. “Essa camisa aqui é a que eu mais gosto, porque tem esse cara Telê Santana. Pra mim é o maior ídolo que temos dentro e fora de campo. Sou o maior fãâ€, ressalta.

Entre os jogos que mais o marcaram, ele cita um. “Tem a Libertadores de 2005 aquela final foi coisa fora de sérieâ€, recorda. Questionado se conseguiu acompanhar algum jogo no estádio, ele revela que o único foi em Campo Grande e que na ocasião o Palmeiras levou a melhor.

Após a conversa, Anderson faz o caminho de volta para a frente da casa. É onde todos possam ver que o pintor colocou o nome ‘dos mais brabos’ que vestiram a camisa do time. Para Lugano, Raí, França, Rogério Ceni, Dário Pereira, Luiz Fabiano, Dodô, Cafu e Muricy Ramalho, o torcedor dedicou o lugar de honra da residência.

No meio fio, ele fez questão de registrar que o compromisso com o time é para sempre. “Até o fim com você Tricolorâ€, escreveu o pintor. Como se não bastasse dizer que ama o time, Anderson resolveu expressar o sentimento em outro idioma. “I love youâ€, pintou próximo à porta.

Fiel ao time do coração, ele garante fazer juz a placa que indica que ali mora um são-paulino feliz. Depois resume em poucas palavras o que passou pintando nos últimos anos. "Ah, o São Paulo é tudo pra mim. É amor eterno tá escrito ali, então é pra sempreâ€, pontua.

No final da entrevista, Anderson aproveita para fazer um pedido. Para dar continuidade a decoração, ele precisa de tinta. “O que puderem doar, se tiver jeito, vou agradecerâ€, conclui.

Quem quiser contribuir com tintas, Anderson mora na Rua do Cruzeiro, 282.



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