TJ gasta 40 mil sem licitação para festejar 40 anos em revista de alta sociedade

 / Aline dos Santos

Sem competição e ao custo de R$ 40 mil aos cofres públicos, os 40 anos do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, celebrado em dezembro de 2019, serão comemorados com edição especial na revista AL.SO, publicação de variedades e com figuras da alta sociedade.

 
 
“Justifico a inexigibilidade da licitação, a favor de Ednilson Martins Carrapateira, no caso em tela é inviável a competição, ante a singularidade do tema a ser abordado, bem como a qualificação e a vasta experiência da empresa na elaboração de material impresso comemorativo aos 40 anos do Poder Judiciário Estadualâ€, afirma, no documento, o presidente do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), Paschoal Carmello Leandro.

O desembargador assina a contratação como ordenador da despesa. A edição especial  será  de 5 mil exemplares e distribuição gratuita. Em sua página na internet, a revista informa o ranking das matérias mais vistas.

No topo, está a matéria “Tudo o que você precisa saber sobre Soraya Thronickeâ€, que detalha ações da senadora. Em segundo, a reportagem “Célia Márcia de Arruda Leandroâ€, com um perfil da esposa do presidente do Tribunal de Justiça e seu trabalho beneficente.

De acordo com Neil Brasil, dono da revista, a edição comemorativa sobre os 40 anos do Poder Judiciário está em fase de produção e ainda sem data para ser publicada. “Separei cem páginas, não vai ser só deles. Estamos produzindo. São muitas pessoas para entrevistarâ€, afirma. Em média, a publicação tem 150 páginas.


Na intenet, revista mostra o ranking das matérias mais vistas. Lista é liderada por texto sobre senadora e em segundo aparece perfil da esposa do presidente do TJ.

No portal do Tribunal da Justiça, há uma publicação digital com 32 páginas em homenagem aos 40 anos do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul. Fartamente ilustrada com fotos, a  revista mostra a criação do Estado, os primórdios da Justiça e o avanço até 2019.

 A jornada do TJ - O Tribunal de Justiça informou que fez  périplo em busca de publicação impressa em papel de qualidade, pois "pode durar centenas de anos ou mesmo milênios se bem armazenadasâ€.

Primeiro, o TJ destacou a necessidade de preservar a história de seus 40 anos e a produção de um documento, com a preferência por revista devido à “perenidade, a penetração do público-alvo, a facilidade no manuseio e a qualidade do material, mesmo com baixo custo unitárioâ€.

Na busca por tal publicação, o Tribunal de Justiça prossegue informando que  fez contato com o Sindjor-MS (Sindicato dos Jornalistas), na data de 27 de maio. Por meio de email endereçado ao presidente do sindicato, Walter Gonçalves Filho, solicitou informações sobre as revistas em atividade em Campo Grande e no Estado.  A mensagem foi respondida no dia 30 de maio e o sindicato informou não dispor do levantamento.

“Partimos então para uma pesquisa no Google para identificar possíveis veículos e não concluímos nada com o intento. A última opção foi relacionar veículos por meio de follow up com pessoas e colegas jornalistas, o que nos levou a três veículos distintos. As três são produzidas em materiais distintos, com diferentes formatos e quantidade de páginas desiguais. Quanto à circulação, apenas o expediente da revista AL.SO esclarece circulação estadual e tiragemâ€, informa o Tribunal de Justiça.

Nesta etapa, foi constatado pelo Poder Judiciário que a AL.SO foi a única a atender padrões de qualidade e maior circulação, com distribuição nas seguintes cidades: Anastácio, Aquidauana, Bataguassu, Bonito, Camapuã, Campo Grande, Corguinho, Corumbá, Coxim, Dourados, Glória de Dourados, Jardim, Ladário, Miranda, Nova Andradina, Ponta Porã, Rio Verde, São Gabriel do Oeste, Sidrolândia, Terenos e Três Lagoas.

“Ressaltamos que as outras não possuem o número de páginas necessário, não realizam edições especiais e, mesmo o tipo de material físico e editorial não é o exigido pela publicação pretendida pelo TJ, pois se trata de edição comemorativaâ€, informa a nota enviada ao campograndenews. 

“Com relação ao preço, identificou-se que se trata do padrão de mercado praticado pela empresa, neste contexto foi anexado a esta justificativa contratos com empresa e pessoa física, no qual o preço para produção da edição especial é o mesmo que consta na proposta encaminhada ao TJMS, materializada no Midia Kit da empresa, também anexo a proposta. Dessa forma, não existiu qualquer diferenciação de valores por ser tratar de órgão públicoâ€.

Ao término dessa jornada em busca de uma revista impressa, o Tribunal de Justiça concluiu que a única empresa que atende os critérios técnicos, de qualidade, circulação, público a ser atingido e alta capilaridade que se espera na distribuição e aceitação é a Revista AL.SO.

“Com esta contratação, a disseminação das informações para a população será mais eficaz e  aproximará o Poder Judiciário da sociedade, como forma de prestação de contas das atividades jurisdicionais, além de preservar a memória da história do nosso estado, do Poder Judiciário e seus membrosâ€.