Revelada em projeto da Fundesporte, campo-grandense conquista o bronze no Mundial de Paratletismo

 / Lucas Castro

 A paratleta Gabriela Mendonça Ferreira conquistou a medalha de bronze no Campeonato Mundial de Paratletismo, em Dubai, nos Emirados Ãrabes Unidos. A campo-grandense garantiu o terceiro lugar no salto em distância na última sexta-feira, na classe oftalmológica T12, para desportistas com baixa visão. Ao todo, a delegação brasileira fechou o dia com quatro medalhas: dois ouros, uma prata e um bronze, e possui seis no quadro geral. A competição teve início na quinta-feira (7.11) e segue até a próxima sexta-feira (15.11).

Na prova, Gabriela Ferreira atingiu 5,54 metros, logo no primeiro salto, sua melhor marca até hoje. Para obter a terceira colocação, a sul-mato-grossense teve de ser persistente, após sofrer lesão no pé direito, durante a quarta tentativa. A medalha bronzeada veio no sexto e último salto. A argelina Lynda Hamri (5,58m) encerrou a disputa na segunda posição e Oksana Zobkovska, da Ucrânia, faturou o ouro, com 5,73m.

“Tentei focar no meu melhor, não deixar isso [lesão] me abalar, pensei em todos os treinos e na minha trajetória para chegar até aqui, o quanto foi difícil e isso me manteve focada, pensando em dar o meu melhor para conquistar esta medalhaâ€, afirma Gabriela, última brasileira a garantir medalha no segundo dia do Mundial. “Eu esperava uma medalha hoje, mas não sabia que seria desse jeito, na superação. O tamanho da minha felicidade é gigantesco, nota milâ€. No Mundial, a atleta sul-mato-grossense terá pela frente a prova dos 100 metros.

Gabriela Ferreira, de 21 anos, conheceu o paratletismo e teve formação de base em Campo Grande, por meio do Programa Escolar de Formação e Desenvolvimento Esportivo, da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), na Escola Estadual Manoel Bonifácio Nunes da Cunha. A modalidade na instituição de ensino do bairro Tarumã tem orientação técnica do professor Daniel Sena, que também treinou Gabriela na Associação Seninha de Atletismo (Asa).

Além do programa escolar, a Fundesporte sempre apoiou a sul-mato-grossense em participações em competições nacionais e internacionais. Hoje, a paratleta defende o Instituto Elisangela Maria Adriano (Iema), de São Caetano do Sul-SP, mas carrega consigo gratidão ao Estado revelador.

Esporte como ferramenta de transformação e inclusão social

Para o diretor-presidente da Fundesporte, esta é a prova de que o esporte tem poder transformador social, o que motiva ainda mais a investir no desporto e paradesporto. “Acompanhamos diariamente, nos nossos programas, relatos de crianças e adolescentes que deixam as ruas, as drogas, e passam a ter uma vida mais disciplinada, de respeito aos colegas e familiares. Quando existem casos como esse da Gabriela, nos emociona muito, porque esse é o ápice da capacidade do esporte, proporcionar aos nossos jovens vivências como estaâ€.

Marcelo Miranda, presidente da Fundesporte

“Para chegar onde ela chegou, certamente a etapa dela nos programas esportivos do Governo Estado foi fundamental, ter sido orientada por um bom técnico e ter oportunidade das viagens, certamente teve um peso muito importante para ela chegar a esta conquista. Ficamos muito felizes e isso nos motiva cada vez mais a investir no esporte como uma política pública essencial para um mundo melhorâ€, reforça Miranda.

O técnico Daniel Sena vê a Fundesporte como um alicerce para estas conquistas, através do programa de fomento ao desporto escolar. “Se hoje existe alto rendimento, é porque existiu a base. Aí é que entra a Fundesporte, que atua dentro das escolas, com o Programa Escolar de Formação e Desenvolvimento Esportivo, no qual o professor atende o aluno no contraturno para os jovens que querem praticar um esporte. Foi e está sendo essencial na formação destes jovens. Espero que surjam outras Gabrielas. Se não tivesse esse programa da Fundação, não existiriam estes atletasâ€.

Sena ainda menciona como revelações do projeto Davi Wilker de Souza, bronze nos 400 metros dos Jogos Parapan-Americanos 2019, de Lima, no Peru, e Rayane Amaral dos Santos, segunda melhor atleta do Brasil nos 100 metros com barreiras. “O meu sentimento é de gratidão por ser um professor que integra este programa, responsável por revelar tantos atletas para representar o paísâ€. O técnico ainda relembra, com nostalgia, do início de Gabriela no paratletismo, ao iniciar com 12 anos as atividades no projeto, e compara com o momento atual da atleta.

Gabriela Ferreira integrou a delegação verde e amarela nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru, realizados de 23 de agosto a 1º de setembro deste ano. Na competição intercontinental, a atleta colocou o nome de Mato Grosso do Sul em evidência, ao conquistar o ouro no salto em distância e bronze nos 100 metros.  

 

Â