Chefe se oferece para cuidar de bebê da funcionária para que ela não desista do emprego

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O público se emocionou com a atitude do chefe que garantiu que Rosita, sua funcionária, tenha a certeza de que um bom emprego a espera, com empatia e dignidade.

A maternidade pode se revelar solitária e com um excesso de sobrecarga quase impossível de ser carregada, exigindo das mulheres muito mais do que apenas resiliência. Ainda que frequentemente a sociedade compartilhe que é “preciso uma aldeia inteira para cuidar de uma criança”, na prática, as mulheres se veem completamente desamparadas, precisando não apenas maternar, mas trabalhar e ainda ser a chefe da família.

Muitas mães relatam as incongruências do mercado de trabalho, que exigem que elas trabalhem horas a fio, mas não oferecem flexibilidade, auxílio creche e sequer demonstram empatia quando elas precisam se ausentar por motivos de saúde. No México, o proprietário de uma gráfica decidiu mudar essa visão de que as mulheres precisam abandonar seus postos no mercado de trabalho para que consigam cuidar dos filhos.

Em uma publicação no Facebook, o chefe da gráfica falou abertamente sobre o que sua funcionária, que chama de Rosita, estava passando. De acordo com Luis, a funcionária não conseguia pessoas que pudessem cuidar de Vianey, sua filha, e acabou tendo que levar a pequena todos os dias para a empresa. Com receio de que isso pudesse atrapalhar os funcionários, ela pensou em desistir do emprego, ficando em casa com a menina.

O chefe, percebendo a situação, decidiu intervir, fazendo aquilo que estava ao seu alcance imediato: acolhendo a funcionária e sua filha. Luis disse que não é preciso muito para que as pessoas se apeguem às crianças, e que a presença da menina não deveria ser motivo para Rosita deixar o trabalho.

 
Direitos autorais: reprodução Facebook/ Luis Ricardo Ruiz

 

Quando quiser ou quando precisar, Rosita pode levar a filha para o trabalho, e o próprio Luis disse que fica responsável por cuidar da menina, e inclusive criou um apelido carinhoso para ela: Zarita. O chefe ainda reforçou que não apenas ele, mas toda a equipe da gráfica acaba se envolvendo no dia-a-dia da bebê, pegando-a no colo, auxiliando a cuidar e até mesmo a diverti-la.

 

Como se fosse um novo funcionário sendo contratado, Luis da as boas vindas à Czarita, sabendo que a bebê tornaria os dias de todos ainda mais alegres na empresa. Em pouco tempo, a publicação teve 32 mil curtidas, 23 mil compartilhamentos e mais de 1,4 mil comentários.

A maioria massacrante aprovou o comportamento do chefe, reforçando que sua atitude era nobre e que mais patrões deveriam agir da mesma forma, tendo esse olhar humanizado, não apenas para as mães, mas para as minorias como um todo. O tratamento educado e a consciência de que as pessoas passam por dificuldades deveriam permear as relações trabalhistas, que infelizmente são tomadas pela necessidade capitalista de ocupar um cargo, bater ponto e cumprir metas, sem nenhum tipo de relação e intimidade.

Por que as mulheres ocupam posição secundária no mercado de trabalho?

A desigualdade de gênero é um dos principais fatores que levam a um papel secundário da mulher no mercado de trabalho, ganhando salário menor do que seus companheiros homens que ocupam o mesmo cargo, sendo demitidas quanto têm filhos e ainda “punidas” quando precisam se ausentar do emprego para cuidar de uma criança ou um familiar doente.

Pesquisadores sobre a questão no Brasil e no mundo destacam que isso ocorre porque as mulheres ainda possuem responsabilidades pelos cuidados com a casa e com a família muito superiores às que os homens têm. Sendo as principais responsáveis pelo trabalho do cuidado (frequentemente não-remunerado), elas acabam sendo discriminadas no mercado de trabalho, principalmente quando estão em idade fértil.

Porém, estudos apontam que essa não é a realidade, dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) demonstram que a incidência anual de trabalhadoras gestantes sequer chega a 5%, e os métodos de proteção à maternidade, como o salário-maternidade, não são pagos pelas empresas, e sim pelo sistema previdenciário. Outro ponto é que os custos monetários diretos para a substituição de uma mulher que se tornou mãe são quase nulos, chegando a 0,09% de sua remuneração bruta.