Vítima relata que capoeirista acusado de estupros dava até droga e bebidas para crianças

. / Renata Portela e Marcos Tenório

Vivemos com medo das pessoas não acreditarem e com vergonha. É o relato do jovem de 19 anos, um dos alunos abusados pelo professor de capoeira já condenado pelo estupro de um dos meninos. Nesta quinta-feira (4), ele participou de protesto em frente ao Fórum de Campo Grande, pedindo justiça e a prisão do mestre capoeirista.

Ao Jornal Midiamax, o jovem contou que o professor fazia amizade e se aproximava dos alunos, os levava para os lugares e chegou até a oferecer maconha e bebida para as crianças. Eu via, contou a vítima. Ele relatou ainda que ninguém sabia dos crimes, até que ele e o colega, encontrado morto em outubro após, a princípio, ter cometido suicídio, começarem a conversar sobre o assunto.

Foi em 2020 que os amigos acabaram revelando um ao outro sobre os abusos sexuais e encontraram forças para denunciarem. Eles procuraram a Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) e deixaram a capoeira. Fomos na academia e falamos que não queríamos mais participar, contamos o que tinha acontecido, mas nada aconteceu, contou.

Ainda segundo o rapaz, o mestre seguiu a vida, como se nada tivesse acontecido. E nós vivemos a vida fora da academia, com medo das pessoas não acreditarem e com vergonha, disse. Comecei a beber para esquecer, contou o jovem que acabou sofrendo com a depressão, assim como o amigo.

Uma semana antes da morte, ele falou que amava a capoeira, mas que não conseguia praticar porque o mestre ainda estava solto, revelou. O amigo costumava ir ao parque, onde via o professor dando aula aos jovens, meninos e adolescentes, vestindo a camiseta com o nome do abusador.

Me sinto incapaz, desabafou a vítima, que ainda relatou que o professor chegou a procurar os alunos vítimas que deixaram a academia, bem como dizia que eles tinham que aceitar.

Condenado a mais de 9 anos de reclusão em regime fechado pelo estupro de um dos alunos, na época, com 12 anos, o professor segue em liberdade, aguardando decisão da prisão