Usando redes sociais, família agenciava exploração sexual de mulheres paraguaias na França

, / Marcos Morandi

Com o resgate de 40 mulheres paraguaias, que eram exploradas sexualmente na França, uma organização familiar da Europa foi desmantelada. As investigações duraram meses e contaram com o envolvimento das forças policiais da França, Espanha e Paraguai, que descobriram que as vítimas eram atraídas pelas redes sociais.

A organização, segundo informações confirmadas pela promotora Natalia Acevedo, da Unidade Especializada em Tráfico de Pessoas, era formada por um clã familiar francês e tinha a colaboração de terceiros, estabelecidos no Paraguai, na Espanha e França.

Ainda de acordo com informações da promotora, as vítimas eram todas paraguaias e foram captadas por uma rede social que prometia um emprego tentador. Os contados iniciais, conforme ela, eram feitos por pessoas que geralmente tinham algum contato com as vítimas.

Os serviços sexuais eram anunciados na França, como se fosse uma central de atendimento, de acordo com informações apuradas pela AFP (Agence Frances-Presse).

Conforme a promotora Natália, entre as mulheres que eram exploradas sexualmente estão moradoras dos departamentos de Alto Paraná e Caaguazú. As vítimas geralmente são pessoas que vivem em situação de extrema pobreza e que estão pressionadas pela condição social e, por isso, acabam sendo recrutadas facilmente, explicou à reportagem do Midiamax.

Para Natália, apesar das estratégias de convencimento utilizadas por estes tipos de criminosos, como o oferecimento de uma vida de conforto, em contraste com a realidade em que a maioria das vítimas vive, é preciso desconfiar das facilidades apresentadas virtualmente. Ao mesmo tempo em que a internet é uma ferramenta que seduz, ela também pode ser usada para saber se aquele local onde o emprego está sendo oferecido realmente existe, conclui.

Com a prisão de quatro pessoas na última terça-feira (17), em terras paraguaias, a Unidade Especializada em Tráfico de Pessoas acredita ter desmantelado a organização. Em setembro, segundo a promotora, 11 pessoas já tinham sido presas na França. Todas elas foram acusadas por tráfico internacional de seres humanos.

São pessoas que recrutam as vítimas, prometem-lhes um emprego na Europa, retendo o dinheiro dos lucros do tráfico e reinvestindo-o em bens imóveis no local, disse a chefe do OCRTEH (Escritório Central para a Repressão ao Tráfico de Seres Humanos), Elvire Arrighi, em entrevista à AFP.

Segundo informações da chefe do OCRTEH, o clã familiar que comandava a organização era bem estruturado, com divisão de funções que passavam pelas pessoas responsáveis pela publicação dos anúncios, logísticas, agenciamento de clientes e gerenciamento financeiro do dinheiro arrecadado com os serviços sexuais.