Com previsão de conclusão em 2022, avança pela região do Chaco (Pantanal paraguaio) a pavimentação da rodovia que integrará o Corredor Bioceânico Atlântico-PacÃfico. A obra garantida pelo Paraguai consolida o projeto de integração comercial, em discussão há décadas, do qual faz parte a construção da ponte de concreto sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta, também financiada pelo vizinho paÃs.
A implantação da rodovia, que totaliza 497 km – Carmelo Peralta a Marechal Estigarribia, na fronteira com a Argentina – corresponde ao único trecho da Bioceânica não asfaltado. Da Argentina aos portos de Iquiqui e Antofagasta, no Chile, o corredor conta com pavimento de qualidade, percorrido em 2017 pela expedição realizada por empresários do setor de transportes de Mato Grosso do Sul. A nova rota tem 1.900 km, a partir de Campo Grande.
Ao participar do lançamento da licitação para elaboração do projeto executivo da ponte, em ato realizado no dia 20 de julho em Carmelo Peralta, com a presença do presidente do Paraguai Mário Abdo BenÃtez, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, destacou a importância da arrojada infraestrutura rodoviária para ligar o Estado à costa do PacÃfico. Também realçou o compromisso do Paraguai em concluir o conjunto de obras até 2023.
Novo Canal de Integração
“Todos ganharão com a abertura desse corredor, o Brasil, o Paraguai, a BolÃvia, a Argentina e o Chile, com o incremento das exportações e importações entre os paÃses e a competitividade dos nossos produtosâ€, disse o governador. Ele também citou o fomento ao turismo e a integração cultural, além da geração de mais empregos e o desenvolvimento da região fronteiriça. “São iniciativas que também fortalecem as relações entre Brasil e Paraguai.â€
Para José Alberto Alderete, diretor-presidente da Itaipu Paraguai, “estamos construindo um novo Canal de Panamá da América do Sul, unindo Atlântico e PacÃficoâ€. A multinacional investirá R$ 290 milhões na construção da travessia no Rio Paraguai. O presidente do Paraguai, Mário BenÃtez, declarou emocionado, ao lançar a licitação da ponte, que a integração fÃsica será “o motor de desenvolvimento do meu paÃs, que não tem litoral, e se conectará ao mundoâ€.
Superar o Chaco é desafio
O grau de dificuldades para pavimentar a rodovia do Chaco Paraguaio, devido à s condições de solo e clima e distância do material de compactação, se assemelha ao desafio enfrentado pela engenharia brasileira para implantar 220 km da BR-262, cortando o Pantanal de Miranda a Corumbá, nos anos de 1980. Segundo o engenheiro Paulo Soares, da Queiróz Galvão, empresa que integra o consórcio contratado para executá-la, cumprir prazos é “um combate diárioâ€.
Soares informou, no entanto, que o primeiro trecho, de 227 km, segue seu cronograma em duas frentes – Carmelo Peralta e Loma Plata -, com previsão de conclusão do primeiro lote em setembro, de 24 km. Esse é o total a ser pavimentado a cada três meses, conforme o contrato. “Estamos transportando pedra de uma distância de 400 km. O material existente é muito úmido e de baixa qualidade, que está sendo melhorado com uma composição com cal e cimentoâ€, disse.
A obra executada pelo Consórcio Corredor Vial Oceânico (Queiróz Galvão e Ocho A, esta empreiteira paraguaia) tem 20 trechos nessa primeira etapa e custará U$ 420 milhões. O primeiro trecho em Carmelo Peralta está com 42% concluÃdo, e de Loma Plata, 39%, incluindo quatro pontes. O serviço está sendo executado na região de maior fluxo de água e conta com 600 operários e 400 equipamentos. A segunda fase, de 220 km, deverá ser licitada ainda esse ano.
Texto: SÃlvio de Andrade – Subsecretaria de Comunicação (Subcom)
Fotos: Chico Ribeiro/Governo do Paraguai