Paraíso de águas cristalinas, Jardim e Bonito são ameaçados pelo crescimento desordenado do agronegócio

 / Nathalia Pelzl

Rios com águas cristalinas, cachoeiras, cavernas, grutas, cenários paradisíacos que encantam os brasileiros e também mundo afora, assim são as belezas de Bonito, em Mato Grosso do Sul. Considerada a capital brasileira do ecoturismo, caso algo não seja feito, o local pode deixar de atrair a todos, isso devido ao assoreamento dos rios. Com o desmatamento em regiões próximas aos rios, chuvas que carregam muitas vezes resíduos orgânicos, além dos agrotóxicos, as águas estão sofrendo. Atento a questões como essa, já que acompanha a situação do Lago do Parque das Nações, o presidente da Associação de Engenharia Sanitária e Ambiental de Mato Grosso do Sul, Aroldo Ferreira Galvão, acredita que várias medidas precisam ser tomadas para evitar que haja um dano maior. “É precioso atacar as causas que estão lá em cima. Em Bonito, os cenários ambientais que são vendidos como cartões de visita nacional e internacional estão comprometidos devido ao avanço do agronegócio. O plantio do milho e soja vem avançando e não foram tomadas as medidas necessárias, do ponto de vista ambiental, para evitar que a água que bate na terra chamada nua, sem vegetação, leve sedimento para o Rio Formoso e da Prata”. Ele destaca que o viés econômico de Bonito é o turismo, através das águas cristalinas de todos os rios da região. Segundo ele, não se teve um cuidado em preparar a região na hora de explorar o agronegócio. “Não se tomou de preparar os terrenos para plantar. Nós (ambientalistas e sanitaristas) não somos contra o agronegócio, pelo contrário sabemos que ele está segurando a economia, tem um papel importante a nível nacional, o que não pode é o agronegócio comprometer a vida e comprometer esses cenários ambientais que nós temos no Mato Grosso do Sul”, destacou. Aroldo pontua que é preciso ficar atento aos sinais de impacto que esse assoreamento pode trazer a longo prazo, já que se a beleza do local estiver comprometida, a possibilidade é que o turismo deixe de existir no local. “O grande produto é a limpeza das águas e se isso tiver comprometido, acabou o turismo, esse é o raciocínio. Então, o que tem que ser feito, a legislação ambiental se mostrou inepta para poder combater o assoreamento decorrente da atividade agrícola, que é importante, mas precisa de técnica. O que queremos chamar atenção é que, seja no Lago no Parque das Nações ou em Bonito, existem técnicas e tecnologia capazes de reverter e prevenir novos problemas. Se fizer tudo dentro da técnica e da tecnologia, prevista em legislação, nada disso vai acontecer”. O ambientalista acredita que é preciso valorizar e cuidar dessas belezas naturais para as próximas gerações. “Essas belezas naturais são de um valor, os cenários ambientais de Bonito tem um valor imensurável. É um legado que recebemos de geração passada e que nós temos que passar para gerações futuras”, finaliza.