Polônes chegou aqui com “medo” e hoje tem Bonito no topo dos melhores destinos

Lukasz Gieranczyk tirando foto em Bonito ao lado de dois amigos. (Foto: Lukasz Gieranczyk) / Thailla Torres

A energia do Pantanal e as belezas de Bonito despertaram no empresário polonês Lukasz Gieranczyk, de 38 anos, um fascínio pelo Mato Grosso do Sul e a vida selvagem. Mesmo depois de ter rodado mundo e retornado para Amsterdã, na Holanda, onde mora atualmente, Bonito ficou entre os passeios mais significativos para ele e foi parar no topo de suas sugestões.

O primeiro contato foi ao lado de dois amigos depois de ter viajado boa parte do Brasil. Lucasz mantém uma relação com o país através da plataforma Quero Passagem, de venda de passagens rodoviárias, que fundou há seis anos e, em 2018, chegou a faturar R$ 50 milhões.

 
Capivaras, um verdadeiro símbolo de Mato Grosso do Sul também encantou o polonês. (Foto: Lukasz Gieranczyk)
Capivaras, um verdadeiro símbolo de Mato Grosso do Sul também encantou o polonês. (Foto: Lukasz Gieranczyk)

Em janeiro, em uma reportagem, ele indicou seus três passeios preferidos pelo Brasil, entre eles, Bonito, seguido de Foz do Iguaçu e Amazônia. Que Bonito tem fama, Lucasz já sabia, mas como estrangeiro, chegou aqui ressabiado com a vida silvestre. “Rola um pouco de medo por causa dos bichos silvestres, com medo do jacaré comer a gente. Mas na verdade eles são quem tem medo da gente”.

O empresário já viajou por todos os continentes, visitou dezenas de países, mas nunca havia visto uma beleza tão diferente como nos rios de Bonito. “Foi uma surpresa. Eu não sabia que tinha infraestrutura de boa qualidade, principalmente, em relação a flutuação e a quantidade de atividades em volta disso para todo tipo de pessoa. Da criança ao adulto é possível flutuar nos rios com muita segurança. Para quem é fora do Brasil, a gente só vê isso nos filmes e descobre que em Bonito é real”.

A segurança dos passeios também foi uma surpresa, aponta Lucasz. “Não me senti inseguro em nenhum passeio, a gente fez a boia cross, por exemplo, e foi muito divertido. As equipes são gentis e a comunicação é bacana”.

Encontrar pessoas de diversos lugares do mundo fez o trio de amigos se sentir em casa. “Mais que brasileiros, encontrei muitos turistas estrangeiros. E isso é interessante porque, é uma coisa de gringo querer entrar no mato e ter esse contato com a natureza”. 

 

Mas também houve desafios e, ao Lado B, pedimos que Lucasz elencasse os problemas durante a viagem. Um deles é o transporte. “Chegar em Bonito é possível de ônibus ou carro, sei que um aeroporto é infraestrutura grande, mas é algo que mudaria, daria uma melhor conexão e muito incentivo para a cidade”.

 
A beleza dos animais silvestres foi marcante para os estrangeiros. (Foto: Lukasz Gieranczyk)A beleza dos animais silvestres foi marcante para os estrangeiros. (Foto: Lukasz Gieranczyk)

Outro ponto é a falta de informação turística para estrangeiros. “Ou seja, alguém local que possa indicar, além de passeios, comida, diversão, enfim, em um nível avançado de inglês, isso facilitaria muito”.

Quanto a internet, que é uma reclamação recorrente no município turístico, Lucasz vê com outros olhos. “Se não mudou ainda, acredito que faria disso um ponto positivo e reverteria para algo do tipo: pra quê internet em um lugar lindo como Bonito?”.

A ligação de Lucasz com o Brasil começou na infância quando o pai foi transferido para a baixada polonesa. Depois de muitas conexões entre Polônia e Brasil, ele formou em Comunicação na USP. Mas o amor pelas viagens e o trabalho com a internet falou mais alto para ele investir no próprio negócio. “Viajando eu percebi o potencial do rodoviário. Há seis anos quase ninguém comprava passagem de ônibus pela internet, então, porque ir à rodoviária se eu posso comprar um clique?”.

Lucasz conseguiu ser autônomo, ter uma empresa que está crescendo e continuar viajando o mundo. “Comecei com o conceito de integrar todas as companhias de ônibus do Brasil, comecei com umas 30 empresas e hoje há mais de 200 do Brasil, somos a segunda maior empresa de passagem de ônibus na internet. Assim continuo viajando, escrevendo minhas coisas e, ao mesmo tempo, trabalhando”.