Vale de motoristas atrasa e Campo Grande amanhece sem ônibus

 /

As ruas de Campo Grande amanheceram sem os ônibus do transporte coletivo nesta quarta-feira (22). Os motoristas retardaram em uma hora e meio o início das atividades em protesto ao atraso no pagamento do adiantamento salarial que normalmente é feito no dia 20 de cada mês. 

Normalmente os ônibus começam a circular às 04:30 horas, mas por conta do protesto, entraram em circulação somente a partir das 06:00, o que atrapalhou o início do dia de milhares de pessoas no começo da manhã e tende a gerar atrasos nas linhas ao longo das primeiras horas da manhã, já que somente as tabelas iniciais começaram a partir das 06 horas.

De acordo com Demétrio de Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande, a categoria agendou para a próxima segunda-feira uma assembleia e caso não ocorra o pagamento e se não houver garantia de que o pagamento dos salários no começo de novembro será feito no dia previsto, existe a possibilidade de greve por tempo indeterminado. "Se não tiver uma definição, com certeza iremos parar", alerta o sindicalista.

O atraso no pagamento do chamado vale, da ordem de R$ 1,3 mil, atingiu o bolso de cerca de mil trabalhadores, segundo Demétrio de Freitas. "Infelizmente o consórcio não fez esse depósito. Esperamos até ontem e fomos informados que não iam pagar e não havia data definida para efetuar esse pagamento. Por isso tomamos essa iniciativa de fazer esse protesto hoje pela manhã", afirmou ou presidente do sindicato. 


O protesto e a ameaça de greve por tempo indeterminado coincide com as reivindicações, inclusive por meio da Justiça, dos proprietários das empresas pelo reajuste da tarifa, que desde o dia 24 de janeiro está em R$ 4,95. 

Os empresários reivindicam reajuste da ordem 26%, o que elevaria a tarifa para R$ 6,17. A Justiça já acatou pedido no qual os empresários alegam que o valor correto da passagem deveria ser de R$ 7,79.

Porém, tanto a prefeitura de Campo Grande quanto o Governo do Estado concedem subsídios ao consórcio para ajudar a manter o serviço em funcionamento. Em 2024, por exemplo, os empresários receberam R$ 29,7 milhões para cobrir os gastos com o transporte de estudantes, que não pagam passagem. Além disso, recebem isenção de ISS, o que representa pelo menos mais R$ 12 milhões anuais nas contas dos empresários.

A manifestação dos motoristas que manteve os veículos retidos no interior das duas garagens do consórcio também coincidem com a chamada data-base para o reajuste da tarifa reivindicada pelo consórcio, que assinou o contrato em outubro de 2012. Tradicionalmente, porém, tradicionalmente os aumentos são concedidos em dezembro ou nos primeiros meses do ano.

Responsável pela contratação do consórcio e a concessão de um possível reajuste, a prefeitura de Campo Grande emitiu nota no começo da manhã dizendo que "o Município mantém diálogo permanente com o Consórcio Guaicurus para apurar as causas da interrupção e adotar as medidas necessárias para evitar que situações como essa voltem a ocorrer".