Auditores Fiscais Agropecuários buscam reconhecimento e equidade salarial

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Nos bastidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, um embate intenso se desenrola entre os Auditores Fiscais Federais Agropecuários (AFFAs) e outras categorias de auditores. O embate não se restringe apenas a questões salariais, mas se estende a uma luta por reconhecimento e valorização de uma profissão essencial para a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico do país. 

Encarregados de assegurar a qualidade e a segurança dos produtos agropecuários, esses especialistas operam em diversas frentes, desde a valorização de produtos regionais até a rigorosa fiscalização de alimentos destinados ao consumo humano. Sua atuação é crucial para o crescimento dos resultados da balança comercial, promovendo a confiança nos produtos brasileiros tanto no mercado interno quanto internacional.

Em uma entrevista exclusiva ao Pix News, Mélvio Marcelo Vendruscolo, Delegado do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA-SINDICAL) em Mato Grosso do Sul, explica que, apesar de representarem uma das três carreiras de auditoria dentro do serviço público federal, os AFFAs enfrentam um desequilíbrio salarial e estrutural na categoria. O Delegado do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários destaca que na estrutura do governo federal existe um descompasso, um desnivelamento entre os auditores fiscais federais agropecuários e os demais auditores.

A mobilização da categoria, segundo Vendruscolo, não se resume a uma greve ou paralisação, mas busca efetivar a reestruturação da carreira e equiparar os salários aos das demais categorias de auditores do setor público federal. "Estamos inseridos no complexo contexto do agronegócio brasileiro, que representa cerca de 25% do PIB, e todas as exportações realizadas pelo agronegócio são chanceladas pelos auditores fiscais agropecuários. Além disso, atuamos nas fronteiras protegendo nosso país contra a entrada de pragas e doenças."

Atualmente, os AFFAs ativos representam apenas metade do contingente de uma década atrás, segundo Vendruscolo. Ele salienta que o déficit desses profissionais ativos e o crescente número de aposentadorias evidenciam a urgência da realização de concursos públicos com números de vagas suficientes para repor o quadro funcional e manter a qualidade dos serviços prestados, e assim evitar o impacto direto na eficiência das operações de fiscalização e controle, colocando em risco a segurança alimentar e a defesa agropecuária do país.

"Hoje existe uma grande dificuldade em cumprir os passos regimentais da nossa legislação devido à carência de profissionais AFFAs, uma vez que hoje somos apenas a metade dos ativos em comparação com o que era há 10 anos, e muitos já em condições de aposentadoria. Por isso, nossa demanda inclui também a realização de um concurso público. Mesmo com o concurso unificado que ocorrerá agora, as poucas vagas disponíveis não serão suficientes para atender adequadamente o quadro funcional do Ministério da Agricultura", conclui.