Jovem de 27 anos que ligou as trompas: “Não odeio crianças, só não quero ser mãeâ€

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Sem conseguir enxergar sentido na maternidade, jovem argentina de apenas 27 anos decide fazer laqueadura para não ter filhos.

 

A neurofisiologista argentina Belén Álvarez, de 27 anos, desde a infância, sente que não queria ter filhos.

Mesmo em meio a brincadeiras escolares, que suas amigas diziam quais seriam os nomes de seus bebês, quando fossem adultas, Belén se recusava a entrar na onda.

Em entrevista à Infobae, a jovem diz que sempre se sentiu deslocada do resto das meninas, e sempre foi excluída ou muito criticada por essa escolha.

 

Direitos autorais: reprodução Infobae.

Na sexta série, durante essa brincadeira de escolher os nomes das futuras crianças que gerariam, suas colegas perguntaram qual seria o nome de seus filhos, e Belén se recorda de jogar frutas em suas colegas e se sentir extremamente incomodada com a suposição de que um dia seria mãe. Desde essa época ela se recorda, de forma nítida, que começou a nutrir essa opinião a respeito da maternidade.

 

 

Aos 14 anos, a jovem conta que conheceu uma professora de português na escola que fez sua “cabeça explodir”. Assim como ela, a mulher, por volta de 70 anos, também não tinha filhos.

Não porque não conseguiu tê-los, mas porque decidiu que assim sua vida seria melhor. Como grande referência, por ter viajado o mundo, ser culta e ex-dançarina, Belén se inspirou na professora. Foi quando percebeu que a maternidade e o casamento não eram coisas obrigatórias na vida das mulheres, e que conseguiria viver bem e feliz sem os dois.

Depois de namorar por seis anos um garoto de sua idade, todos do seu círculo pessoal ou fora dele acreditavam que ela seria mãe naquela época.

Belén relata como se sente incomodada quando pessoas que não a conhecem se sentem no direito de opinar sobre sua vida pessoal e seu planejamento familiar. Aos 22 anos, pessoas próximas passaram a perguntar o que havia de errado, porque ela ainda não era mãe.


Direitos autorais: reprodução Infobae.

Para Belén, isso acontece porque existe uma cultura que acredita que a trajetória de uma mulher se resume ao casamento e à maternidade, e que sem isso são infelizes.

São preparadas a vida inteira para cumprir essa parte específica de sua vida, e é um pensamento enraizado fundo na cabeça das pessoas. Mas para ela, a maternidade obrigatória não deve ser encarada como regra, e sim como decisão individual das mulheres. Ela acredita que o corpo feminino, assim como o masculino, é uma propriedade privada, e cada indivíduo tem o poder de escolha, sem se sentir forçado a agir conforme esperam.

Belén sempre se sentiu solitária com seu posicionamento e, como muitas pessoas apenas a criticavam, teve de guardar para si mesma seus pensamentos sobre o assunto. Foi quando viu circular pela internet um meme que criticava os child free (“livre de crianças”, em tradução livre). Curiosa, ela procurou mais a fundo informações sobre o assunto e descobriu que existe um movimento mundial de pessoas que não querem, em hipótese alguma, ter filhos.

 

A partir de então, ela não se sentiu mais sozinha, não se sentiu mais isolada por pensar da forma como pensa e passou a encontrar apoio nessa comunidade. Mesmo se amparando no movimento de pessoas que querem se ver livres de crianças, Belén conta que não odeia os pequenos, inclusive, participa ativamente da criação de seus sobrinhos. A decisão de não ter crianças é aplicada apenas à sua realidade, sem que ela faça uma crítica às mulheres que desejam muito ser mães.

Atualmente, a neurofisiologista faz parte de um grupo argentino chamado “Libre de hijos”, cujos membros compartilham suas experiências e indicam, por exemplo, médicos que façam a esterilização.

Durante os últimos dez anos, a jovem vem se consultando com médicos, tentando fazer uma laqueadura e, embora seja uma garantia prevista na legislação argentina, nenhum médico quis realizar o procedimento.

Quando se consultava, segundo a garota, os médicos diziam que, para o procedimento, ela precisava ter três filhos ou mais de 30 anos. Uma desculpa que todos usavam é que não fariam o ligamento das trompas porque ela se arrependeria no futuro. No fim de 2020, Belén encontrou um profissional que aceitou realizar a cirurgia, sem impor nenhum obstáculo para ela, coisa que comumente acontecia.

 

Agora, em janeiro, sua laqueadura completa um mês e ela se sente satisfeita com a decisão.

Belén conta que, dentro do movimento child free, cada um possui um argumento diferente, que justifica sua decisão de não ter filhos: alguns não querem mudar o estilo de vida, outros possuem doenças graves e não querem passar adiante, e outros simplesmente não querem. Para o grupo, trazer uma criança ao mundo é uma atitude irresponsável, e ninguém deve fazer por medo da velhice ou da solidão.

A jovem diz que não é certo trazer alguém ao mundo pensando que ele servirá como enfermeiro pessoal no futuro, para ela, isso sim é egoísmo. O que achou dessa história polêmica? Acha que ela fez certo em tomar uma atitude definitiva aos 27 anos? Comente e compartilhe com seus amigos!