Mãe de Karolina lembra do último abraço na filha antes dela ser morta pelo ex na Capital

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No dia em que completa quatro meses do tiroteio que vitimou a jovem Karolina Silva Pereira, de 22 anos, sua mãe Patrícia da Silva Leite relembrou mais uma vez a dor da perda ao acompanhar mais uma de Instrução e Julgamento, na 2ª Vara do Tribunal do Júri, nesta quarta-feira (30), em Campo Grande.

Depois de ouvir o pedido de perdão do acusado, Messias Cordeiro da Silva, de 25 anos, e ainda as acusações de desconhecer a própria filha, Patrícia comentou que a jovem não está ali para se defender.

“O mais difícil é a gente ouvir falar em coisas que não são reais. Minha filha não tá aqui pra se defender ou pra falar a versão dela, né? Esse é o mais difícil. Enquanto isso, ele ta aí”, disse.

Chorando enquanto lamentava não poder mais abraçar Karolina, ela lembrou o dia em que tudo aconteceu, pois havia pedido para a jovem não ir trabalhar. “Eu falei pra ela não ir, porque estava resfriada. Mas ela rebateu dizendo que tinha as responsabilidades para cumprir. Naquele dia, graças a Deus, eu dei um abraço, um beijo na minha filha e disse que a amava”.

A base de remédios, Patrícia foi até o Fórum nesta quarta apenas porque a melhor amiga da filha iria testemunhar. Quando questionada pela imprensa sobre o sentimento de ouvir que não conhecia Karolina, ela disse nem saber responder.

“Eu ouvi um mamãe, amei e cuidei da minha filha. Agora ouvir de outra mãe como se eu não conhecesse a minha menina. É a parte mais difícil”, finalizou.

Muito abalada, a mãe de Karolina falou sobre seu segundo filho, irmão da jovem de apenas 3 anos e meio. Chorando, ela disse que ele sempre pergunta ‘cadê a maninha?’. 

Defesa Messias –

Após terem o requerimento de sanidade mental negado pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, os advogados de defesa do réu Caio Moura Kai e Antony Martines, disseram que irão recorrer a decisão, uma vez que ele apresenta claros sinais de depressão.

“Ele não nega a prática delituosa, mas conseguimos angariar grandes provas de que realmente ele tinha depressão. Não temos laudo e precisaríamos desse documento, por isso que fizemos o requerimento ao juiz da segunda vara final do júri que, prontamente negou com os seus fundamentos. A defesa irá recorrer dessa decisão”, pontuou.

Agora, os advogados devem esperar a sentença de pronúncia ou impronúncia, de acordo de como for, devem recorrer apresentando um recurso, para que Messias não vá a júri popular.

Como tudo ainda vai depender de uma base de fatores, a defesa ainda não sabe qual estratégia seguir. “Ele está respondendo efetivamente por emboscada e motivo torpe, além do feminicídio. A emboscada parece que está claro que não houve, pelo depoimento, pelo interrogatório dele. Messias não foi lá para isso, então enfim, são detalhes que a gente vai alegar nas alegações finais. E feminicídio também é o que parece, tem margem para não ser também, mas é uma discussão que vai ficar para as alegações finais, para o júri, se houver”, finalizaram os advogados Caio e Anthony.

Fim das audências de instrução –

Após duas audiências de instrução, o Ministério Público e a defesa farão as alegações finais. Em aproximadamente 15 dias o juiz deve informar se o réu vai a júri popular ou não. Caso o julgamento vá para júri, a expectativa é que aconteça em no começo de 2024, já que a defesa diz que recorerá a qualquer decisão.