Em Jardim há 20 anos, Assunção faz ossos bovinos virarem decoração

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Nas mãos de Assunção Alves, de 54 anos, os ossos vindos do boi ganham novas formas e utilidades. Com o material, ela cria pentes, vasos, chaveiros, acessórios e peças decorativas. Há 20 anos, a artesã está à frente do projeto Arte em Osso, que fica situado em Jardim, a 236 km de Campo Grande.

Os trabalhos feitos no interior do Estado, segundo ela, chegaram a pessoas importantes e cenários internacionais, mas ela não tem foto dessa conquista. “A Gisele Bündchen há muito tempo usou um colar que a gente confeccionou no artesanato. Tem um trabalho que lembro até hoje, um vaso de arara, que foi parar em Nova Yorkâ€, diz orgulhosa.

Ela relata que descobriu o artesanato graças a um curso ministrado na cidade. “Faz 20 anos que mexo com artesanato em osso. Foi através do Sebrae. Tinha uma professora aposentada que falou: ‘se na madeira a gente pode talhar, por quê  não o osso?!â€, recorda.


O Arte em Osso foi uma iniciativa dela com a participação de outras mulheres habilidosas que seguem produzindo as peças que retratam a cultura do município. Antes de exercer o trabalho manual, ela relata que atuava em outra profissão.

“Antes de eu começar a trabalhar no artesanato em osso eu era doméstica, mas fazia vários tipos de bordado e crochê  Quando não tô no artesanato, tô na minha casa fazendo bordado que é algo que gosto muitoâ€, afirma.

Em relação ao artesanato, ela garante que sabe fazer tudo que pedirem. “Eu faço todos os tipos de peças, mas as que mais pedem são pesqueira, o porta guardanapo, vasos para colocar flores artificiais. Eu também faço o kit escritório, bichinhos de jacaré, peixe, tamanduás, palito de cabelo e anéis â€, fala. Os preços dessas peças saem em média R$ 100.


Além de ter perdido as contas de quantas peças criou, ela relata que teve a oportunidade de ensinar várias pessoas. “Eu já tive propostas de ensinar pessoas em outros lugares. Várias meninas e meninos que queriam aprender. Pra mim é gratificante. Dei cursos no presídio, fico feliz que tem dois meninos que levaram adiante o trabalhoâ€, destaca.

Com prática para limpar os ossos que chegam dos açougues, Assunção é quem lixa, entalha o material e depois faz os detalhes com o apoio de mini motores. “É tudo manual. Eu já tenho prática de entalhar, lixar, mas não é fácilâ€, frisa ela sobre o trabalho artesanal.

Após duas décadas na profissão, ela ressalta que o artesanato é uma terapia. Apesar de nem sempre ser fácil, ela pontua que  no final tudo vale a pena. "É um trabalho mais tranquilo, às vezes, é cansativo, mas pra mim vale a pena. É uma terapia. A gente foca no que faz e no que gosta. O tempo todo eu e as meninas sorrindo, conversando, isso é muito bom mesmoâ€, finaliza.