Bilhete em papel higiênico foi estopim para nova fase da Operação Omertà

 / Geisy Garnes

Bilhete escrito em papel higiênico por detento do presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN) foi estopim para a nova fase da operação Omertà, que investiga grupo de extermínio em Mato Grosso do Sul.

Foram cumpridos, nesta terça-feira (17) mandados de busca e apreensão, no total de 18, contra suspeitos de planejar atentados contra a vida de autoridades envolvidas na operação.

Conforme nota divulgada nesta tarde pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o responsável pelas anotações ficava entre as celas de Jamil Name, 80 anos, e Jamil Name Filho, (42 anos) e anotava todas as conversar que ouvia entre eles e dois advogados, identificados como David Moura de Olindo e Adailton Raulino Vicente da Silva, ex-delegado de Polícia Civil. Ambos foram alvo de busca, o primeiro em Sidrolândia (MS) e o outro em João Pessoa (PB).

 

Eram os advogados, segundo a investigação, que comunicavam pessoalmente as ordens relativas ao plano de atentado as pessoas identificadas nas anotações.

O “relatório” do preso aponta que as ordens de execução eram destinadas a dois promotores do Gaeco e ao delegado do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro) Fábio Peró e sua família.


Trecho de anotações em papel higiênico.
Baseado nas anotações a polícia acredita que os líderes da organização pagaram para o ex-guarda municipal Marcelo Rios assumir as mortes atribuídas a eles. O pedaço de papel higiênico acabou apreendido pelos agentes penitenciários e foi repassado ao Depen (Departamento Penitenciário Nacional), que avisou o Gaeco sobre as possíveis ameaças.


Jamil Name e Jamil Name filho estão na ala destinada a presos reclusos em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) do presídio de Mossoró. Também estão no presídio o guarda Marcelo Rios e os policiais Vladenilson Omedo, o "Vlad", e Márcio Cavalcanti da Silva.

Agora documento da investigação, o papel com as anotações foi anexado à medida investigatória em que foram autorizadas as buscas feitas hoje, pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal.

A operação – Nesta manhã, policiais foram as ruas de Campo Grande, Sidrolândia, Aquidauana, Rio Verde e Rio Negro e de João Pessoa, na Paraíba, para cumprir 18 mandados de busca e apreensão.

Entre os alvos das ações, estavam os dois advogados citados na nota, David Moura de Olindo e Adailton Raulino Vicente da Silva – um com escritório em Sidrolândia e outro em João Pessoa – e o conselheiro do TCE-MS (Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul) Jerson Domingos, que acabou levado a delegacia por conta de uma arma sem registro encontrado em seu aparamento.

Os policiais também estiveram no apartamento de Tereza Name, mulher de Jamil Name. Ao Campo Grande News, o advogado criminalista Renê Siufi afirmou que o mandado estava no nome da namorada de "Jamilzinho", que não mora mais no local, conforme o defensor. Outros endereços ligados a família também foram alvos de busca e apreensão.

Até o momento, as ações resultaram na apreensão de cinco espingardas, cinco revólveres, 160 munições de diversos calibres, além de uma moto com sinal de adulteração.