Mulheres se reinventam e encontram alternativas de renda comercializando apenas entre vizinhos

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Em Campo Grande, novas alternativas de comercialização estão mudando a realidade de mulheres empreendedoras. Antenadas e determinadas, elas viram que é possível, literalmente, colocar a mão na massa e fazer bons negócios entre os próprios vizinhos. Sem grandes investimentos, porém como muita organização e força de vontade, elas utilizam os meios tradicionais de divulgação, como o famoso “boca a boca”, e os mais modernos, como as redes sociais e grupos de aplicativos para divulgar seus produtos.

Elas geram renda e movimentam a economia, com uma fórmula que, além de dar certo, comprova as estatísticas divulgadas no Portal do Empreendedor, do Governo Federal, que revelam que 46,6% dos microempreendedores individuais de Mato Grosso do Sul são mulheres, totalizando 61,7 mil empreendedoras. Muitas delas trabalham em alimentação e em suas residências, conheça agora um pouco da história de três mulheres, justamente com este perfil, que encontraram alternativas de renda sem sair de casa.

Alimentação Saudável

“É muito bom chegar no cliente e falar: oi, vizinho” (ASSISTA DEPOIMENTO DE THAYLA)

Thayla de Almeida Carvalho Santos viveu uma situação familiar que a fez criar um negócio em Campo Grande. Ela mora em um condomínio onde vive centenas de famílias e isso gerou um ambiente ideal para as vendas. Nutricionista, ela decidiu investir no Açaí e o que antes era um complemento, virou a renda principal.

“Eu me formei em nutrição e logo depois de recém-formada consegui emprego. Porém, precisei parar para cuidar do meu pai que estava em depressão. Como eu sempre quis trabalhar com alimentação, então resolvi investir no açaí”, explica Thayla.

Grávida do seu primeiro filho, ela se vê otimista em associar o negócio com a maternidade. “Eu já tive um ponto, perto daqui mas tínhamos muitos gastos e por isso não tive sucesso. Voltei a vender apenas no condomínio e tenho muitos clientes. O meu pai está melhor, graças a Deus, mas mesmo assim eu não pretendo parar”, reforça ainda que hoje seu noivo, Emerson Gomes Goes, também trabalha com ela nas vendas que chegam a atingir 40 unidades, além dos sucos. 

Mão na massa

Para a professora de educação física, Patrícia Coelho, a mudança veio rápido. Em apenas dois meses, ela trocou o Rio de Janeiro por Campo Grande, em busca de segurança e qualidade de vida. Junto com a sua mãe, Cristiane, elas resolveram abrir um negócio sem chance de erro: venda de massas, com várias opções de molho, tudo com aquele o gosto especial de comida caseira.

“Minha irmã e afilhadas moram aqui e, por isso, eu vim, por ser um lugar mais calmo, apesar de ser a Capital. Eu me interessei pela cozinha incentivada por minha mãe e, é claro, estou apaixonada com as vendas. A intenção é expandir”, reforça Patrícia que deu o nome de “Santa Massa” ao negócio.

Cristiane e Patrícia, mãe e filha criam Santa Massa para atender clientela doméstica

Engana-se quem pensa que por trabalhar em casa, a rotina é mais tranquila do que nas quadras de esporte. “Eu tenho dois filhos, um pré-adolescente e um bebê e a cozinha (risos) que me sugam bastante”, brinca Patrícia ao detalhar: “Tento preparar os alimentos sempre cedinho, quando os meninos estão na escola. No final do dia, ou seja, no meu segundo turno, eu, minha mãe e o Gabriel [filho mais velho] revezamos a atenção com o pequeno, o Rafael. O envolvimento de todos torna o trabalho mais agradável. Assim como toda família tem suas desavenças nós também temos, logo conversamos e nos entendemos.  Sugiro que mais famílias trabalhem assim, unidas”.

Hora do Lanche

Animada, otimista e muito persistente, Ana Lúcia dos Santos Marra, sabe que não tem quem resista a um delicioso lanche da tarde. Então, há cerca de 2 anos, ela decidiu criar a Hora do Lanche, uma ideia simples, mas lucrativa para negociar no condomínio onde ela e seu esposo moram, e no qual o número de moradores ultrapassa 4 mil pessoas.

“No condomínio onde eu moro há vários grupos de Delivery, logo que mudei pedi para ser adicionada para ver o que era oferecido e o que não tinha. A partir daí pensei na Hora do Lanche. Aí eu pedi para o meu marido comprar 2 quilos de farinha de trigo, dois pacotinhos de fermento biológico, seis ovos e um litro de leite. Enquanto ele fazia isso, eu pensei: farei pão caseirinho, algum tipo de salgado e um bolo caseiro, fofinho, gostoso. Eu sou assim, quando penso em fazer alguma coisa enquanto não faço não paro. Fiz cinco bandejas, com 8 unidades. Tirei uma foto bem bonita, coloquei no grupo e não deu 3 minutos, vendi tudo. Quase morri”, brinca Ana.

Ana conta dos desafios que vence diariamente para melhorar seu negócio. ASSISTA DEPOIMENTO DE ANA

Dos pães para os combos de lanche, para os bolos, para pizzas e para as pamonhas, entre diversas outras possibilidades culinárias, sem parar nenhum dia. O segredo é persistir: “Não me importo muito com críticas, penso nelas, analiso, se me servir para algo uso, porém se eu achar que não, que meu jeito é melhor, eu não ouço mesmo. Tive que aprender a ser dura, de uma forma positiva”. Incansável, ela ainda prepara pizzas para o final de semana, trabalhando todos os dias desde as 6 horas da manhã.  

Determinação

As três empreendedoras mostram que o segredo do sucesso é a persistência. “Não tenha medo de encarrar os desafios ou dificuldades que podem aparecer. Tente o sim, o não a gente já tem”, aconselha Patrícia.

Para Ana, é preciso ter conhecimento do negócio e muita força de vontade. “Trabalhe com algo que você conheça e saiba fazer. Se oferecer um bom trabalho sempre terá clientes, dinheiro no bolso. O nosso maior desafio ainda é vencermos nós mesmos. Não podemos nos limitar”.

Ana Brito