‘Afrontam até o poder judiciário’, dispara Marquinhos sobre greve dos médicos

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Os médicos recorrem na Justiça para tentar manter a greve que reivindica 27% de reajuste salarial. Para o prefeito Marquinhos Trad (PSD), a classe “afronta até o poder judiciárioâ€. O Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) foi notificado na tarde desta segunda-feira (26) por oficial de justiça sobre a decisão que acatou pedido da prefeitura e determinou o fim da greve dos médicos, que iniciou nesta manhã.

“Infelizmente eles afrontam até o poder judiciário. Eles já sabiam da decisão porque é uma informação pública que foi noticiada na imprensa e mesmo no sábado o presidente do Sinmed declarou que pagaria a multaâ€, comentou o Prefeito.

Escalonar reajuste em 2018

Outra questão comentada pelo prefeito é que, diante do pedido de 27% de reajuste – alegado pela classe médica pelo acumulado de 3 anos sem reajuste -, os atrasos poderiam ser escalonados durante o ano de 2018. A Prefeitura ofereceu como contraproposta 6% para os médicos para este ano.

Logo nas primeiras horas da greve a já defasada rede municipal sofreu com ainda mais lentidão no atendimento. O paciente não precisou esperar para constatar a demora, conforme relataram as pessoas ao Jornal Midiamax. A reportagem esteve em unidades de Campo Grande, onde a própria triagem avisa que talvez a espera seja ainda maior do que se costuma ver.

A Prefeitura pretende realocar médicos do quadro de contratados, de acordo com o prefeito. Além disso, Marquinhos explicou que as unidades terão um número maior de enfermeiros e técnicos em enfermagem para dar suporte aos contratados.

“Não tem motivo para fazerem greve, estamos aberto à negociação. Eles merecem receber, dentro da profissão, mas têm que ter bom sensoâ€, criticou o prefeito.

 

Altos salários 'escondidos'

Em abril, o Jornal Midiamax fez levantamento dos salários da categoria. A negociação salarial dos médicos, aliada ao problema crônico de atendimento nas unidades de saúde, aumenta especulações sobre a verdadeira 'caixa-preta' dos gastos municipais com os profissionais. Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), o salário base da categoria é de R$ 2.516,72.

Na prática, no entanto, gratificações e plantões, sempre pagos em fórmulas complicadas e difíceis de verificar, elevam os ganhos médios mensais dos médicos que atuam na Prefeitura de Campo Grande. Em março, por exemplo, a média paga a cada um dos 927 médicos listados no Portal da Transparência ficou em pouco mais de R$ 11,5 mil.

Só na última folha salarial da Sesau, 9 médicos ganharam mais de R$ 39.200,00 e 111 receberam mais que o salário do prefeito Marquinhos Trad (PSD). Em um dos casos, médico que mantém dois vínculos com a Sesau levou dos cofres públicos municipais R$ 51.085,39 em março.

Acima do teto constitucional

Esses ganhos mensais extrapolam o salário de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), que deveria ser o teto salarial para todos os servidores públicos no Brasil. Além disso, a soma de rendimentos dos 10 mais bem pagos em março atinge R$ 419.983,09. Ou seja, somente estes servidores ficaram com a fortuna de quase meio milhão de reais, equivalentes a 4% do total de R$ 10.790.935,35 pagos aos médicos no período.

De quase mil médicos listados na última folha, apenas 31 receberam menos de R$ 3 mil, com remunerações entre R$ 2.986,78 e R$ 89,86. Juntos, eles receberam R$ 55.961,97, ou seja, pouco mais que o recebimento do mais bem pago em março. Além dos ganhos ​acima do teto constitucional, salários com valores ínfimos que também chamam a atenção.

Na Prefeitura, a informação oficial sobre as explicações para a folha de pagamentos aos médicos se limita a explicar que o salário base de médico na Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) é de R$ 2.516,72, mas que “gratificações podem praticamente dobrar este valor, além dos plantõesâ€.