Brasil pode exportar menos soja e ter aceleração do milho, diz Agrinvest

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No ano passado, devido à forte demanda da China, que recorreu ao Brasil durante a guerra comercial com os Estados Unidos, a movimentação com soja tomou os portos durante boa parte do ano, tirando espaço do milho. Neste ano, o quadro mudou, disse o analista, em seminário online realizado na terça-feira, 26.

Segundo ele, a demanda chinesa se enfraqueceu, com queda do processamento de carne, por causa da peste suína africana, e os prêmios pagos pela soja brasileira estão longe do patamar da temporada passada. Tradings registram margens negativas em várias operações no Brasil - os valores pedidos em Sinop (aquisição de soja por R$ 65/saca para levar para o porto de Barcarena, no Pará) e em Sorriso (R$ 63/saca para levar ao porto de Santos (SP), não cobrem custos. "Tradings vão parar o programa de exportação de soja mais cedo neste ano", afirma ele.

Até agora, o total de soja comprometido para exportação no Brasil é de 21 milhões de toneladas. Em 2018, nesta época, o volume era semelhante, mas a partir de abril foram fechadas novas vendas da oleaginosa brasileira com a imposição de tarifa pela China à importação de soja dos EUA. Conforme Vanin, sem a repetição da demanda, multinacionais começarão em maio a ocupar com milho os terminais de exportação, cumprindo contratos de transporte do tipo "take or pay" (o pagamento é realizado independente do uso), movimento que deve ganhar força em junho. Em virtude de o cereal ter sido plantado cedo e da perspectiva até o momento de produção volumosa no País, há ofertas de milho com preço considerado atrativo para a segunda quinzena de junho. "O milho brasileiro está muito competitivo na exportação", disse Vanin. Segundo ele, a exportação pode chegar a 33 milhões de toneladas do cereal. "O consumidor interno precisa ficar atento porque uma demanda externa grande pode enxugar rápido os estoques e aumentar a concorrência pelo milho.

"Vanin disse ainda que, se houver acordo entre China e EUA, a nação asiática pode ampliar em muito o volume adquirido dos EUA - o compromisso é o de comprar US$ 30 bilhões em produtos norte-americanos. "A última vez que a China comprou tanto volume dos EUA foi em 2012, quando adquiriu US$ 26 bilhões, mas, naquele momento, os preços estavam muito mais elevados. Com os atuais preços baixos de soja, milho e trigo, a China teria que comprar um grande volume de produto norte-americano para chegar a esse montante", disse. "Isso enxugaria os estoques dos EUA, o que seria um ponto positivo para os futuros na Bolsa de Chicago, mas para os prêmios no Brasil não seria tão bom."

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