Dono de boate é preso por tráfico internacional e manter casa de prostituição em MS, diz polícia

Boate fechada pela polícia  / Graziela Rezende

O dono de uma boate, de 42 anos, foi preso em flagrante em Brasilândia, a 374 km de Campo Grande, após manter casa de prostituição e também por tráfico internacional de pessoas. Ao G1 o delegado Thiago Passos, responsável pela investigação, disse que o homem é monitorado há cerca de um ano e houve várias buscas até a "caracterização do crime".

"Nós já tínhamos a informação do funcionamento e houve várias buscas para demonstrar essa habitualidade. As vítimas estavam em sistema semelhante à escravidão, então, nossa intenção era mostrar essa manutenção da casa. Além disto, foram aprendidos vários documentos, que demonstram a entrada de estrangeiras no Brasil e o financiamento da vinda delas por ele [suspeito]", afirmou o delegado.

Ainda conforme o delegado, vários documentos e passagens foram apreendidas na boate, além de movimentações na casa de câmbio. "Ele cobrava aluguel, alimentação e outras despesas das estrangeiras, então elas estavam sempre devendo e não conseguiam ir embora. Nós encontramos seis mulheres, que possivelmente já retornaram para o Paraguai", explicou.

De acordo com Passos, todas as informações das mulheres serão encaminhadas para a Polícia Federal (PF). "Com os dados delas, será possível saber se elas já foram para o Paraguai ou continuam aqui. Neste caso, começa o processo de expulsão destas vítimas", ressaltou.

A investigação ainda apontou que as garotas de programa eram impedidas de sair, caso não pagassem as dívidas com consumo em alimentação, bebida e até taxas que as garotas deviam por programa realizado. Nessa segunda-feira (21), três mulheres paraguaias tentavam fugir e foram perseguidas pelo suspeito.

"O homem estava com dinheiro, celular e bagagem de uma delas, alegando que ela ainda não havia dado o retorno do investimento feito nela e por isso não poderia ir embora para seu país de origem. Junto a tudo isto, a Polícia Civil apreendeu documentos que comprovam que as cidadãs paraguaias eram obrigadas a se prostituir até que fosse pago o valor que ele, supostamente, teria investido nas garotas de programas, incluindo a alimentação precária", ressaltou o delegado.

O suspeito, que já tinha antecedentes por contrabando de cigarros, agora responde por manter casa de prostituição e por tráfico internacional de pessoas. A audiência de custódia deve ocorrer nesta terça-feira (22). A pena para os crimes pode chegar a 13 anos de reclusão.

A polícia também apreendeu preservativos, cadernos com anotações e até uma máquina de cartão de crédito. O próximo passo, ainda conforme a polícia, é pedir a quebra de sigilo do equipamento e ouvir testemunhas. Quem quiser fazer denúncias anônimas pode entrar em contato pelo telefone: (67) 99987-9169.