‘Matei minha mulher com uma faca’: feminicida de Luana confessou mesmo crime em 2022

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Dois feminicídios, três anos depois e o mesmo modus operandi: Gilson Castelan de Souza, de 48 anos, estava foragido desde 2022 quando matou a podóloga Silbene Guia Dolores da Silva, no Mato Grosso. Ele foi preso nessa terça-feira (28) após matar Luana Cristina Ferreira Alves com 11 facadas, em .

No dia 18 de junho de 2022, Silbene, de 40 anos, foi encontrada morta com facadas na cabeça e no pescoço. O crime aconteceu na região do Engordador, em Várzea Grande (MT) e os vizinhos ouviram gritos da podóloga por volta das 22 horas da noite anterior.

Entretanto, os vizinhos relataram que nada fizeram, pois as brigas entre Silbene e Gilson eram frequentes, segundo publicado pelo site local, Gazeta Digital. Um familiar do feminicida tentou contato com ele desde o dia anterior ao crime, mas não obteve retorno.

Já na manhã do dia 18, Gilson teria ligado para o familiar por volta das 9h e confessado o crime. “Matei minha mulher com uma faca”, teria dito Gilson.

Diante da confissão, o familiar foi até a residência onde Gilson morava e se deparou com as portas fechadas. Ao olhar pela janela, ele viu o corpo de Silbene caído todo ensanguentado e acionou a polícia.

Depois, equipes da PM (Polícia Militar), Polícia Civil e Perícia foram até o local e constataram várias perfurações de faca pelo corpo da vítima. Gilson fugiu após o crime e estava com um mandado de prisão em aberto pelo feminicídio.

Feminicídio de Luana em Campo Grande

Segundo o boletim de ocorrência, a PM foi acionada na noite dessa terça-feira (28) para o  Colúmbia, em Campo Grande, com a informação de que uma mulher havia sido esfaqueada na esquina de sua casa e pedia por socorro. Logo, os militares foram até o local, onde encontraram Luana com sangramento intenso e implorando por socorro em uma casa.

Na ocasião, uma testemunha contou que Luana adentrou sua varanda pedindo por ajuda, sentou-se em uma cadeira, mas caiu ao chão na entrada do imóvel. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado para o local e realizou manobras de reanimação, mas Luana não resistiu e morreu. Foi constatado no local que a vítima apresentava 11 ferimentos provocados por faca na região das costas, pescoço e crânio.

Em seguida, outras três testemunhas foram identificadas e relataram que o autor desferiu vários golpes de faca contra a mulher enquanto ela estava sentada na varanda do pátio de uma empresa de máquinas.

Após o primeiro golpe da faca, Luana tentou fugir, mas foi atingida nas costas. Um dos funcionários da empresa tentou intervir, enquanto os outros dois correram. Gilson fugiu a pé e foi flagrado por câmeras de segurança sentido ao Centro da cidade.

Prisão e confissão

Logo, o proprietário da empresa de máquinas esteve no local e afirmou aos militares que fez contato telefônico com Gilson. Ao empresário, o homem confessou a autoria do feminicídio, disse que estava na Avenida Cônsul Assaf Trad e enviou um áudio de confissão.

Diante disso, os policiais iniciaram diligências e encontraram o homem caminhando no cruzamento da avenida com a Rua Júlio Prestes, com um celular e uma faca na cintura. Ele foi abordado, confessou o crime novamente, mas resistiu à prisão e passou a lutar com os policiais. No local, foi necessário uso do spray de pimenta para conter Gilson, que foi preso e encaminhado para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

Além da PM, equipes da Deam e da Perícia foram acionadas para os levantamentos no local. Foi orientado que os funcionários da empresa de máquinas não alterassem o local do crime, mas o pátio foi limpado mesmo assim.

Luana é a 32ª vítima de feminicídio em  neste ano de 2025 e deixa cinco filhos menores. A última vítima de feminicídio no estado foi Solene Aparecida Corrêa, morta asfixiada pela companheira, Laura Rosa Gonçalves, em Três Lagoas, no dia 21 de outubro.

Lista de feminicídios em MS em 2025:

  • Karina Corim (Caarapó) – 4 de fevereiro
  • Vanessa Ricarte (Campo Grande) – 12 de fevereiro
  • Juliana Domingues (Dourados) – 18 de fevereiro
  • Mirielle dos Santos (Água Clara) – 22 de fevereiro
  • Emiliana Mendes (Juti) – 24 de fevereiro
  • Gisele Cristina Oliskowiski (Campo Grande) – 1º de março
  • Alessandra da Silva Arruda (Nioaque) – 29 de março
  • Ivone Barbosa (Sidrolândia) – 17 abril
  • Thácia Paula (Cassilândia) – 11 de maio
  • Simone da Silva (Itaquiraí) – 14 de maio
  • Olizandra Vera Cano (Coronel Sapucaí) – 23 de maio
  • Graciane de Sousa Silva (Angélica) – 25 de maio
  • Vanessa Eugênio Medeiros (Campo Grande) – 28 de maio
  • Sophie Eugenia Borges, filha de Vanessa Eugênio Medeiros (Campo Grande) – 28 de maio
  • Eliana Guanes (Corumbá) – 6 de junho
  • Doralice da Silva (Maracaju) – 20 de junho
  • Rose (Costa Rica) – 27 de junho
  • Michely Rios Midon Orue (Glória de Dourados) – 3 de julho
  • Juliete Vieira – (Naviraí) – 25 de julho
  • Cinira de Brito (Ribas do Rio Pardo) – 31 de julho
  • Salvadora Pereira (Corumbá) – 02 de agosto
  • Letícia Ananias de Jesus (Cassilândia) – 8 de agosto
  • Dahiana Ferreira Bobadilla (Assassinada no Paraguai, mas encontrada em Bela Vista) — 8 de agosto
  • Érica Regina Mota (Bataguassu) – 27 de agosto
  • Dayane Garcia (Nova Alvorada do Sul) – 3 de setembro
  • Iracema Rosa da Silva (Dois Irmãos do Buriti) – 8 de setembro
  • Ana Taniely Gonzaga de Lima – 13 de setembro
  • Gisele da Silva Cylis Saochine (Campo Grande) – 2 de outubro
  • Erivelte Barbosa Lima de Souza (Paranaíba) – 10 de outubro
  • Andrea Ferreira (Bandeirantes) – 12 de outubro
  • Solene Aparecida Corrêa (Três Lagoas) – 21 de outubro
  • Luana Cristina Ferreira Alves (Campo Grande) – 28 de outubro

? Onde buscar ajuda em MS

Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos fins de semana.

Além da Deam, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.

☎︠Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180 é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.

As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os fins de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.

Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.

Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aquiElas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.

âš ï¸ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.