Nos 102 dias em que o presidente Lula se esquivou e evitou um contato pessoal com o presidente dos EUA Donald Trump, que em 9 de julho anunciou o tarifaço impondo a produtos brasileiros a taxa de 50% em suas exportações ao mercado norte-americano, o Brasil perdeu até 726 mil empregos, segundo estimativa oficial do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos – Dieese.
Só na agropecuária a perda foi estimada em 104 mil empregos, contra 241,5 mil postos de trabalho do setor de serviços, 215 mil na indústria e 142 mil no comércio. Além disso, o cálculo do Dieese ainda traçou que, em valor adicionado, as taxas americanas representariam uma perda de R$ 38,87 bilhões ao país, uma redução na massa salarial de R$ 14 bilhões e R$ 11 bilhões a menos na arrecadação de impostos.
Durante os 102 dias Lula vociferou por todos os cantos do País e tentou sem êxito buscar apoio dos “companheiros” dos Brics. Tentou terceirizar as negociações que, tecnicamente e segundo as regras estabelecidas pela diplomacia, incluindo a brasileira, cabia exclusivamente a ele. Primeiro, se escondeu à sombra do vice-presidente Geraldo Alckmin que não avançou em nada.
Depois, tentou usar o ministro Fernando Haddad, que chegou a anunciar um encontro com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, que seria cancelado horas depois. Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores tentou abrir um diálogo com autoridades dos EUA mas também foi mal sucedido.
Lula pediu ao presidente do Senado, Daniel Alcolumbre, para enviar uma comitiva de senadores aos EUA que também não conseguiram contatos que pudessem iniciar um diálogo. Enquanto isto, os líderes de todos os outros países se deslocaram até Washington para, pessoalmente, tratarem o assunto das tarifas com o presidente Donald Trump.
Os “companheiros” dos Brics (Vladimir Putin da Rússia, Xi Jinping da China, Emmanuel Macron da França e mais os líderes de Cuba, Venezuela, Nicarágua, Irã, dentre outros...) preferiram negociar os interesses dos seus países ignorando, solenemente, as agruras do falastrão Luiz Inácio Lula da Silva.
Notícia publicada pela Folha de S.Paulo na última 4ª feira (24) esclarece o que fez com que Donald Trump anunciasse a retirada das tarifas sobre a celulose exportada pelo Brasil e abrindo a possibilidade de um contato pessoal com Lula:
“O empresário Joesley Batista, um dos donos da gigante de carnes JBS, foi recebido em audiência pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, semanas antes do aceno do republicano ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Assembleia-Geral da ONU.
“Há cerca de três semanas, Joesley discutiu com Trump na Casa Branca o tarifaço de 50% aplicado pelos EUA contra produtos vendidos pelo Brasil, que afeta o setor de carne. Outro tema de interesse de Joesley tratado na reunião foi a importação de celulose pelos EUA.
O empresário Joesley Batista, um dos donos da gigante de carnes JBS - que emprega 100 mil trabalhadores em suas plantas nos EUA - foi recebido em audiência pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, semanas antes do aceno do republicano ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Assembleia-Geral da ONU. Ainda durante o encontro, Joesley argumentou que as diferenças comerciais entre Brasil e EUA poderiam ser resolvidas por meio do diálogo entre os dois governos —numa mensagem de incentivo a uma aproximação”.
Ignorância ou soberba? Ou ambas...

Ministro Mauro Vieira. Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil
Minutos depois que Donald Trump usou a tribuna da Abertura da Assembleia Geral da ONU em Nova York na última 3ª feira (23), em entrevista concedida ao vivo pela rede mundial de TV CNN, o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, questionado pela repórter sobre a possível reunião que poderia ocorrer com o presidente Lula, lançou a seguinte pérola que denota a sua incompetência e, principalmente, sua ignorância e soberba:
“A reunião será virtual, pois Lula têm agenda grande para os próximos dias...”.
Cronologia do tarifaço imposto pelo governo norte-americano

Foto Carlos Barria Reuters
Trump anuncia uma tarifa de 10% sobre todas as importações para os EUA, com exceções para México e Canadá. Para os países que verão tarifas "recíprocas" impostas, a taxa universal de 10% entrará em vigor em 5 de abril e será deduzida da tarifa recíproca definida para entrar em vigor em 9 de abril.
9 de julho
Trump envia uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva informando que as exportações do Brasil serão taxadas em 50% a partir de agosto. Como motivação, o republicano cita Jair Bolsonaro. Ao longo da semana, mais de 20 cartas foram enviadas a chefes de Estado, com tarifas que iam de 35 a 50%.
27 de julho
Donald Trump e Ursula von der Leyen anunciaram um acordo comercial entre Estados Unidos e União Europeia, estabelecendo uma tarifa geral de 15% sobre produtos europeus.
Tarifaço se aproxima
30 de julho
Em publicação de manhã no Truth Social, o republicano reforçou que o prazo de 1º de agosto para que os parceiros negociem acordos comerciais antes da imposição de tarifas mais altas não será prorrogado.
Desdobramento inesperado
30 de julho
Durante a tarde, Trump assina um decreto oficializando a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. Atrelado ao comunicado, há uma lista de 694 produtos isentos. Para os que não escaparam, o novo prazo de aplicação da taxa é de 6 de agosto.
23 de setembro
Em discurso na ONU, Trump informa que cruzou casualmente com Lula nos corredores da ONU, teriam se cumprimentado e marcaram uma conversa para a semana seguinte. Trump não poupou críticas a Lula durante seu discurso na ONU e afirmou que Brasil fracassará sem os EUA.
“O Brasil está indo mal e irá melhorar se trabalhar com os Estados Unidos. Eles só conseguirão se sair bem quando trabalharem conosco; sem nós, eles fracassarão assim como outros fracassaram”, alertou
Várias
- “Os produtores rurais correm os riscos e geram a riqueza para quem fornece os insumos e as máquinas e comercializam a sua produção. Não por acaso a Associação Brasileira de Agronegócios fica na Avenida Paulista e é comandada pela indústria. Esse conceito cria uma sombra perante a sociedade. O tal do agro pop se apresenta como um segmento moderno, mas não revela os problemas internos. É essa minoria de 2% dos produtores rurais que são representados no Congresso Nacional, com suas lideranças históricas. Os mesmos nomes e famílias de sempre” – Luis Carlos Guedes Pinto, ex-ministro da Agricultura
- Um levantamento do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social aponta que 94 milhões de pessoas no Brasil dependem de algum tipo de auxílio financeiro distribuído pelo governo
- A COP30, a conferência de clima da ONU (Organização das Nações Unidas), tenta conseguir ajuda de bancos de desenvolvimento e entidades filantrópicas para financiar a hospedagem de países de economias menores durante o evento em Belém, em novembro.
- Mercado de defensivos para milho encolhe 7% na segunda safra. Queda deve-se à redução média de 13% nos custos dos produtos usados na proteção da cultura. O mercado de defensivos agrícolas para milho encolheu 7% na segunda safra, para US$ 2,36 bilhões, ante US$ 2,52 bilhões na segunda safra do ciclo 2023/24. A estimativa é da empresa de pesquisas Kynetec Brasil. O levantamento também mostrou um crescimento de 6% na área plantada de milho na segunda safra, para 16,9 milhões de hectares, nas regiões pesquisadas pela consultoria.
- Mensagem publicada por Donald Trump no X: “Uma VERDADEIRA VERGONHA aconteceu nas Nações Unidas ontem — Não um, não dois, mas três eventos muito sinistros!”
- “Primeiro, a escada rolante que levava ao andar principal parou bruscamente. Parou num piscar de olhos. É incrível que Melania e eu não tenhamos caído de cara nas bordas afiadas desses degraus de aço. Acontece que estávamos segurando o corrimão com força, ou teria sido um desastre. Isso foi pura sabotagem, como observado em uma "postagem" do dia anterior no The London Times, que dizia que os funcionários da ONU "brincaram sobre desligar uma escada rolante". As pessoas que fizeram isso deveriam ser presas!”
- “Em seguida, prossegui com um discurso sem teleprompter, que começou a ser reproduzido cerca de 15 minutos depois. A boa notícia é que o discurso recebeu críticas fantásticas. Talvez tenham apreciado o fato de que pouquíssimas pessoas poderiam ter feito o que eu fiz.”
- E terceiro, depois de fazer o discurso, me disseram que o som estava completamente desligado no auditório onde o discurso foi feito, que os líderes mundiais, a menos que usassem os fones de ouvido dos intérpretes, não conseguiam ouvir nada (Paulo Junqueira é advogado e produtor rural; é também presidente do Sindicato e da Associação Rural de Ribeirão Preto e da Assovale – Associação Rural Vale do Rio Pardo; 29/9/25)

