Se afirmar que houve “excesso judicial” do ministro Alexandre de Moraes na prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro chocou os dirigentes do PT de Mato Grosso do Sul, a resposta do governador Eduardo Riedel, agora filiado ao PP, pode acabar acelerando a debandada petista do governo. “Cheguei de viagem no sábado e ninguém do PT entrou em contato comigo. Tenho um Estado para tocar”, disse o governador.
E foi taxativo sobre a decisão de manter os questionamentos ao STF: "Eu não mudo". Depois cutucou os petistas sul-mato-grossenses: “A gente tem um projeto de governo, um plano. Pessoas não são insubstituíveis. Então, eles estão ali cumprindo uma missão do nosso plano de governo. Fiquem muito à vontade”, afirmou ao Campo Grande News, nesta terça-feira, 19 de agosto, em Brasília, logo depois de fazer seu primeiro discurso como novo integrante da federação União Brasil-PP.
Excluídos de conversas, deputados e vereadores do PSDB em MS criticam cúpula
Riedel vê no PP alinhamento de valores e projeto para o País
Ao migrar “de mala e cuia” para a federação União Brasil/PP, agora UP, o governador Eduardo Riedel fez um jogo ganha-ganha: Ele saiu do PSDB, partido em frangalhos, onde foi o “último dos moicanos” com o controle de governo estadual, sem perder a estrutura do partido (três deputados federais, seis estaduais, cerca de 70 prefeitos e cerca de 300 vereadores), que continuará apoiando sua reeleição, e passa a ter acesso no ano que vem ao fundo partidário de dois grandes partidos e, o que é fundamental para tentar a reeleição, a garantia de mais tempo de televisão.
O grupo ainda contará com o reforço do PL no Estado que, se nada mudar, será assumido no início de setembro pelo líder do grupo governista, o ex-governador Reinaldo Azambuja. No primeiro discurso como integrante da UP se disse afinado com “um projeto definido, claro e com horizonte longo” que pode, a ser ver, tirar o Brasil de “redemoinho”. Ele afirmou que “enquanto o mundo discute hegemonia geopolítica o Brasil segue patinando”. Veja a entrevista:
Qual o reflexo da federação União Brasil e PP nas eleições do ano que vem? O senhor vai ter apoio de uma frente mais forte?
"Acho que são forças e grupos políticos no Estado que se unem com o mesmo pensamento em relação a como conduzir políticas públicas dentro de um governo. A gente está falando de prosperidade, de inclusão, de desenvolvimento, de educação, erradicação da pobreza pelo desenvolvimento, pela educação. Então são valores de uma administra eficiente, que tem que buscar cada vez mais isso. O povo sul-mato-grossense, o povo brasileiro não aceita mais aumento de imposto. Aqui no Estado nós não aumentamos. Estamos combatendo dia e noite o mau uso do recurso público. Eu acho que essa é a agenda que nos une em torno desse futuro que a gente quer ver para o Estado."
A federação tem quatro ministros no governo federal e isso foi criticado no evento que formalizou a federação. Eles devem sair?
"É uma decisão que tem que ser tomada pelos partidos. Sem dúvidas nenhuma, que como foi dito aqui, os partidos que tem essa posição tem que repensar sua participação no governo. Essa é a minha opinião pessoal. Mas acho que a partir de agora temos que sentar e discutir com muita maturidade dentro dos partidos para poder definir as atitudes de cada um. Isso é natural da política e do processo democrático."
Em Mato Grosso do Sul o senhor também tem problemas semelhantes. O PT sai ou não sai do governo?
"Eu não tenho problema com o PT, acho que é o PT quem tem problemas comigo."
Mas tem um tempo para definir essa questão?
"Eu cheguei de viagem no sábado. Eu acompanhei todo esse processo pela imprensa. Ninguém do PT entrou com contato comigo."
Não é uma demanda?
"Não houve a demanda ainda. Eu tenho um Estado para tocar. Estou à disposição para dialogar com o PT, sobre o que eles discutiram, o que questionaram do meu posicionamento. Eu não mudo. Acho que, o que eu botei na minha rede social, eles usaram isso como argumento e cobraram a saída dos membros do PT. A gente tem um projeto de governo, um plano. Pessoas não são insubstituíveis. Então, eles estão ali cumprindo uma missão do nosso plano de governo. Fiquem muito à vontade. É uma decisão que o PT colocou, mas ninguém veio conversar ainda."
Quem comandará a federação em Mato Grosso do Sul?
"A presidência da federação no Mato Grosso do Sul está com a senadora Tereza Cristina. Eu sou vice-presidente nacional do PP, hoje de manhã definiram isso na convenção. E a gente segue com um grupo político presente nessa federação lá no Estado."
O senhor esteve hoje com o o governador de são Paulo, Tarcísio de Freitas no mesmo evento. É um bom candidato à presidência?
"Excelente candidato. Eu acho que nós temos nomes hoje, fruto desse conjunto de governadores que vem desempenhando um bom trabalho, que é fundamenta, gente que pensa num Brasil diferente. E o governador Tarcísio é um deles, né? Estava aqui com o governador Caiado, tem o governador Ratinho, com o governador Eduardo Leite, com o governador Zema. Veja que tem um conjunto de governadores que podem assumir essa responsabilidade. O mais importante é o diálogo, estarmos conversando em torno desse projeto, conversar em torno de uma discussão de Brasil, de uma agenda para o Brasil, que é o que eu mais sinto falta. A gente precisa de reformas estruturantes, a gente precisa de modernizar a administração pública e isso não é falado hoje, não é discutido. E é isso que eu tenho colocado não só no PP, no PSDB, no União, e o governador Tarcísio tem essa mesma visão –, olhando o Brasil para frente."
Qual a importância da federação para a política de Mato Grosso do Sul?
"São dois momentos: primeiro a migração no PP e hoje a consagração da federação União-PP. É um movimento natural. O Brasil mudou, as coisas estão avançando num cenário complexo do ponto de vista político, para o Brasil, e econômico também. E no PP, não tenho dúvida que no Estado de Mato Grosso do Sul, sob a liderança da senadora Tereza Cristina e União Brasil sob a liderança da Rose Modesto, a gente reunirá essas forças políticas aliadas ao PL e outros partidos. O Reinaldo Azambuja vai assumir o PL. A gente vai montar uma frente de discussão para o desenvolvimento do Estado e continuar um trabalho de melhoria cada vez mais das políticas públicas para o Mato Grosso do Sul."
A estrutura do PSDB no Estado deve acompanhar o seu grupo?
"O PSDB continua sendo um partido extremamente representativo em Mato Grosso do Sul. Tem mais de 300 vereadores, mais de 40 prefeitos, 3 deputados federais, uma bancada fora do pacto estadual e continua sendo extremamente importante para a base política do Estado e para o futuro do Estado. Certamente uma frente partidária vai estar sendo discutida. Agora é importante a gente lembrar que o que está acontecendo é consequência de um redesenho da política nacional. Quando foi feita a reforma política, foi pensada na cláusulas de barreira e na diminuição dos 35 partidos existentes. Não dá mais para conviver com isso e o que está acontecendo nesse momento reflete isso. E o PSDB tem tudo para se reestruturar em nível nacional porque é um partido que tem uma história fantástica. Mas nesse momento entendemos que a federação em torno desses partidos seria o melhor para o processo político que está pela frente."
O senhor acha que Reinado Azambuja está tomando uma boa decisão política indo para o PL?
"Está fazendo uma boa opção. Acho que é um novo momento, inclusive, para o PL, que é um partido grande, é um partido que tem posições claras. E acho que a experiência política do Reinaldo, na sua trajetória de vida e o compromisso que ele tem com o Estado, só reforça essa característica para o PL. Acho que o PL, com a entrada do Reinaldo, trazendo toda essa bagagem política, liderança que ele tem, vai ajudar muito em Mato Grosso do Sul o processo nessa frente de desenvolvimento."... veja mais em https://www.campograndenews.com.br/politica/riedel-mantem-criticas-ao-stf-e-avisa-ao-pt-que-ninguem-e-insubstituivel