Acostumado a registrar o cotidiano como entregador e fazer vídeos de humor, Edivelton Brito, de 23 anos, viu a relação com sua mãe viralizar nas redes sociais. Após saber que ela estava sem almoçar, o filho encontrou um espaço nos seus horários para levar comida até a motorista de ônibus coletivo. E, desde a publicação, os dois vêm recebendo mensagens sobre o carinho em meio à correria do dia a dia.
No vídeo, Edivelton inicia falando sobre como Ana Paula Brito de Almeida Pereira é sua motivação e se aproxima do ônibus. Após entregar a sacola com um salgado pela janela, ele entra no veículo, dá um abraço na mãe e conversa rapidamente com ela.
Sem saber que estava sendo gravada, Ana questiona sobre a capa de chuva de Edivelton, pergunta se o filho está bem, se também almoçou e agradece pelo gesto. “Fiquei emocionada com a surpresa que ele fez, depois vendo o vídeo até chorei”, conta a mãe.
Contando sobre o registo, Brito explica que sabia da pausa que a mãe faz diariamente. “A gente sempre se fala e ela disse que não tinha conseguido almoçar na correria. Eu comprei um salgado e aproveitei a pausa de dez minutos que ela faz, fui lá e entreguei”, diz.
Tendo postado o vídeo como mais uma parte de seu cotidiano e para falar sobre como é inspirado pela mãe, o entregador narra que foi surpreendido com os comentários.
“É algo que para gente é comum, mas no meio de tanta coisa ruim acontecendo no mundo, não é normal para as outras pessoas em geral”, explica o filho. Concordando com Brito, Ana detalha que atos de carinho sempre são trocados entre eles.
Em Campo Grande desde 2020, a família morava em Miranda e desde lá o amor entre Ana e Edivelton foi construído. “Eu fui criada com minha avó e aos 15 anos perdi ela, nove meses depois perdi meu pai. Era adolescente ainda e meu filho veio. Desde então, eu decidi ser minha própria heroína e ensinar ele a ser assim também”.
Motorista do Consórcio Guaicurus, começou sua carreira ainda em Miranda e, desde lá, sempre quis dar bons exemplos.
“Eu fui motorista de taxi, mas meu sonho era dirigir veículos grandes. Fui motorista de transporte escolar e na pandemia a gente precisou vir para cá. Trabalhei com várias outras coisas, mas surgiu a oportunidade do meu serviço atual. É mais um jeito de mostrar que a gente pode fazer o que quiser, me dá uma alegria ser mulher e ser motorista”, narra Ana.
Orgulhosa, a mãe explica que apesar do filho “pagar seus próprios boletos”, ele ainda faz questão de manter o contato próximo.
“Ainda assim dá satisfação de tudo. Se ele sai com os amigos e volta de madrugada, me avisa quando chega e é sempre assim. Esse carinho, atenção e cuidado é algo recíproco e sempre foi assim”, diz a motorista.
Sobre a mãe, Edivelton conta que a garra de Ana é algo que também sempre está presente. “Ela é motorista, trabalha muito e é minha inspiração. Esse carinho foi algo que quis fazer e que fico feliz de ver as pessoas gostando também”, completa.
